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Paredão da Santa

Calcificação do “Paredão da Santa” pode ser inédita na geologia

O local é situado em uma fazenda, área particular, próximo ao rio Jacaré em Santo Antônio da Platina

Publicado em 27/07/2022 às 16:13
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Foram encontradas calcificações inéditas perante os geólogos presentes (Foto: Da Assessoria)

A equipe da Associação Turística do Norte Pioneiro do Paraná – Atunorpi juntamente com geólogos do Instituto Água e Terra e outros apoiadores deram início a visitas técnicas em potenciais geossítios no Norte Pioneiro e uma das paradas foi no “Paredão da Santa”, em Santo Antônio da Platina, onde foram encontradas calcificações inéditas perante os geólogos presentes. O local é situado em uma fazenda, área particular, próximo ao rio Jacaré.

O consultor da Atunorpi, João Gouveia Cezar ficou encantado com o local e revelou talvez um dos achados já nessas primeiras visitas dos geólogos aos potenciais geossítios do Norte Pioneiro. “Eu não tenho palavras para aquele lugar, é surreal, desde o rio Jacaré, muito bem arborizado, formam uns paredões com muitas formações que parecem estalactites, e outras formações rochosas, mas uma forma que eles (geólogos) nunca viram, uma calcificação que eles nunca tinham visto antes”, destacou João.

Segundo o consultor, os geólogos Gil e Tadeu contaram que talvez essa formação seja a única no mundo. “O lugar é paradisíaco, lindo, maravilhoso. Tem potencial tanto para fazer parte do patrimônio natural da humanidade como também ter alguma atividade pedagógica e turística. Santo Antônio da Platina surpreendeu bastante. Ainda de acordo com João, no local também tem um contexto religioso. 'As pessoas costumavam peregrinar até o lugar para pegar água da mina, dizendo que a água era fonte cura para várias doenças, então a gente acredita que Santo Antônio da Platina vai se posicionar bem como geossítio pensando no ‘Paredão da Santa’”, destacou.

De acordo com o geólogo Gil F. Piekarz, o local é um ponto muito interessante. “É o contato entre a formação rio Do Rastro e o Piramboia. No desenvolvimento da bacia do Paraná que começa em torno de 450 milhões de anos e vem até 130 milhões de anos com a separação continental, as partes finais foram ficando cada vez mais continental e cada vez mais árido. Os tempos finais da evolução da bacia do Paraná foi um grande deserto, se fala em deserto de Botucatu, que é o aquífero Guarani. Ele tem 1,5 milhões de quilômetros quadrados e quando separou os continentes, América do Sul da África, essa separação foi na nossa região aqui como um deserto, como se o Saara quebrasse pela metade, um pedaço ficasse na África e um pedaço aqui na América do Sul. E foi separando e evoluindo o oceano Atlântico. Durante essa separação houve um grande extravasamento de magma basáltico”, explicou.

“No final da evolução da bacia do Paraná, um pouco antes de separar os continentes, nós tínhamos aqui um grande ambiente árido que ele foi evoluindo lá da formação Teresina, um ambiente ainda úmido e nessa região foi ficando cada vez mais árido, ao passar de milhões de anos, entra como ambientes fluviais, desérticos, arenitos, até ficar seco ambiente, evoluir para um sistema como o Saara. Nessa passagem de um clima ainda meio semi-árido, haviam grandes lagos muitos salinos e esses lagos foram secando e depositando um material com muito sal, com muito carbonato e nesse ponto, bem no ponto onde o rio faz a curva, a gente vê o contato entre duas formações que é o rio Do Rastro e o Piramboia, que já é o início do deserto. O Piramboia são arenitos, é um deserto de base úmida, não é como o Saara”, disse.

Para Gil, “justamente neste ponto tem um afloramento que chamamos de arenito carbonático. Agora no clima atual ele vai dissolvendo que nem as cavernas de calcário e formando estalactites, estalagmites, é belíssimo ali o ponto com estruturas muito bonitas que chamamos de estrutura cárstica. Eu nunca tinha visto este tipo de formação assim e o Tadeu que andou muito por essa região também falou que é a primeira vez que vê uma situação dessa”, finalizou o geólogo.

O presidente da Atunorpi, Welington Bergamaschi avalia que o potencial turístico do Norte Pioneiro será elevado após as descobertas na área da geologia. “O conhecimento do turismo regional terá um ganho excepcional com a exploração adequada da formação geológica da Pedra Santa. Por se tratar de uma maravilha da natureza, buscaremos parceria, também com universidades, onde será desenvolvido pesquisas, estudos, para melhor poder entender e explorar essa descoberta, transformado em conhecimento, e assim atraindo até mesmo estudioso de outros estados e países, padrão de turismo internacional de excelência, com condutores técnicos e capacitados”, disse.

O artista plástico e desbravador de atrativos naturais no Norte Pioneiro, Marcos Antônio de Almeida que acompanhou as visitas destacou também os achados do local. “Essa reserva ambiental é praticamente desconhecida por muitos aqui no município, ideal apenas para visitação guiada com pessoas que sabem a importância da preservação. Tudo por lá é muito frágil, portanto se lá virar um geossítio seria ótimo para ajudar a preservação do lugar, que fica em propriedade particular e sua visitação é permitida só com a autorização do administrador da propriedade”, opinou.

Segundo Marcos, o Paredão da Santa ou Pedra Santa é localizado às margens do rio Jacaré, e o nome foi dado pelos antigos moradores da região por acharem que a água que escorria das rochas era milagrosa. “Lá eles faziam suas preces e pedidos e, diz a lenda, bebiam da água e alcançavam a graça da cura através da fé! A também boatos que por lá passou o profeta João Maria de Jesus (monge da Lapa)”, disse Marcos.

A expedição à procura de potenciais geossítios do Norte Pioneiro foi composta pelo presidente da Atunorpi, Welington Bergamaschi, o consultor João Gouveia Cezar, Marcos Almeia, acompanhados dos geólogos do Instituto Água e Terra, Gil F. Piekarz e Luís Tadeu Cava.

Atunorpi- Associação Turística do Norte Pioneiro do Paraná é uma entidade civil, caracterizada como associação de natureza turística, cultural e ambiental e foi fundada em 19 de agosto de 2015. É a Instância de Governança Regional responsável pela Região Turística do Norte Pioneiro. Atualmente a região é integrada por 18 municípios: Andirá, Bandeirantes, Cambará, Carlópolis, Congonhinhas, Cornélio Procópio, Ibaiti, Itambaracá, Jacarezinho, Joaquim Távora, Ribeirão Claro, Ribeirão do Pinhal, Santa Amélia, Santa Mariana, Santo Antônio da Platina, Siqueira Campos, Tomazina e Wenceslau Braz.

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