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Dengue

Bairro de Jacarezinho sofre com descontinuidade de projeto que combate à dengue

A alta temporada do mosquito vai começar e o bairro Aeroporto já concentra mais da metade dos casos da doença.

Publicado em 27/11/2019 às 06:48

Bairro de Jacarezinho sofre com descontinuidade de projeto que combate à dengue (Foto: Imagem ilustrativa)

Depois de atingir reduções superiores a 90% no número de mosquitos Aedes aegypti na área contemplada pelo Projeto Piloto Controle Natural de Vetores (CNV), da empresa de biotecnologia Forrest Brasil Tecnologia Ltda, a população do bairro Aeroporto volta a sofrer com o problema.

A empresa utilizou uma tecnologia inédita no mundo, que dispensa o uso de inseticidas. “Conquistamos excelentes resultados com o piloto, no entanto, o projeto não foi continuado no bairro por falta de incentivo do poder público. Sabemos que os ovos do mosquito são resistentes e podem durar mais de um ano. Por esse motivo, é fundamental continuar o trabalho na região a fim de reduzir também os ovos remanescentes”, explica a diretora da Forrest Brasil Tecnologia Ltda, Elaine Paldi.

De acordo com Elaine, o ideal seria implementar esse trabalho em toda a cidade. “Dependemos disso para evitar a elevação dos índices de infestação do mosquito e a potencial recorrência da dengue. Estamos entrando na alta temporada de infestação do Aedes aegypti e os dados já apontam um novo aumento nos casos de dengue, isso é alarmante.” 

O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), divulgado na última terça-feira (19), confirmou 1.234 casos da doença no Paraná desde 28 de julho deste ano. Foram 205 novos registros desde o relatório da semana anterior.

Na cidade de Jacarezinho, o Aeroporto, que hoje é o bairro mais afetado, concentra 13 casos da doença desde o final de julho (quando iniciou o novo ano epidemiológico) até novembro.

Esse número representa mais da metade dos casos do município. “Estamos vendo uma inversão na ocorrência dos casos de dengue em Jacarezinho. Durante a realização do CNV da Forrest Brasil Tecnologia no bairro Aeroporto, de setembro de 2018 a abril de 2019, dos 313 casos da doença registrados no município, apenas 8 deles foram na área de liberação dos mosquitos, representando cerca de 3% dos casos totais. A região mais afetada na época foi a Vila São Pedro, com 204 casos, quase 70% do total. Agora a região mais afetada é o Aeroporto, com mais da metade dos casos, enquanto a Vila São Pedro, que é a nova área de aplicação do CNV não apresentou nenhum caso da doença até o momento”, revela a coordenadora do projeto Lisiane de Castro Poncio. 

A atuação da Forrest em Jacarezinho é considerada um caso de sucesso e os resultados já foram apresentados para outras cidades do Brasil. “Os dados comprovam que a tecnologia, aliada ao trabalho de educação e conscientização da população, contribui para a redução significativa dos índices de infestação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue, logo, reduzimos drasticamente os casos desta doença na área onde atuamos. Para garantir a sustentabilidade do projeto, seria necessário mais um ano de trabalho, especialmente para reduzir os ovos remanescentes. Com a continuidade do projeto e o apoio da população e do poder público, podemos conquistar uma solução sustentável para combater a dengue e outras doenças relacionadas a esse mosquito”, destaca Lisiane. 

Projeto piloto 

O projeto piloto da Forrest atuou nos bairros Aeroporto, Novo Aeroporto e Vila Leão. A Forrest realizou a soltura sistemática de mosquitos machos estéreis, totalizando 12 milhões de mosquitos, que resultaram em reduções significativas no número de mosquitos e consequentemente nos casos de dengue, nas áreas tratadas.

A empresa atua em Jacarezinho desde 2017. “Neste período, realizamos grandes investimentos de tempo, energia e recursos financeiros com o objetivo de desenvolver e testar a nossa solução para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Conseguimos evitar uma epidemia de dengue, que se iniciou em março deste ano, nas áreas contempladas pelo projeto”, ressalta a diretora da Forrest Brasil Tecnologia. 

Técnica pioneira 

A técnica natural consiste em esterilizar mosquitos machos e soltá-los na natureza. Como a fêmea copula uma única vez durante a vida, se a cópula for com um macho estéril então não haverá descendentes. Já se a cópula acontecer com um macho não estéril, uma fêmea pode gerar até 500 ovos, que vão resultar em novos mosquitos. Além desse trabalho, a empresa atua diretamente com os moradores, visitando residências e orientando sobre a prevenção, além de fazer um intenso trabalho de conscientização nas escolas. 

Vila São Pedro 

Após a eficácia comprovada da tecnologia inédita, a empresa assinou um contrato com a Prefeitura Municipal de Jacarezinho para expandir o trabalho para a Vila São Pedro – bairro mais afetado pela última epidemia de dengue no município. “No momento nossa atuação é apenas na Vila São Pedro. O contrato da Forrest com a prefeitura termina no dia 31 de janeiro de 2020. Estamos buscando, junto às autoridades locais, a continuidade desse trabalho e a expansão dele para outras regiões da cidade, pois sabemos dessa necessidade”, revela Elaine. 

A Forrest Brasil Tecnologia Ltda está preparada para expandir as operações e cobrir toda a cidade de Jacarezinho. “A população necessita de segurança nessa questão e por isso cobramos do município compromissos claros e formais, para que possamos continuar trabalhando”.

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