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Cadeirante defende o Brasil em olimpíada biônica

Atleta paralímpico faz parte da única equipe da América Latina que vai participar do Cybathlon 2020.

Publicado em 10/11/2020 às 00:13

Piloto Equipe EMA - Estevão Lopes (Foto: Equipe EMA UnB)

O atleta paralímpico Estevão Lopes foi selecionado como piloto principal para a competição internacional Cybathlon 2020, que acontecerá nos dias 13 e 14 de novembro. Ele irá pilotar um triciclo que permite o ciclismo assistido por estimulação elétrica para pessoas com paraplegia. “Existe um aparelho eletroestimulador acoplado no triciclo e os engenheiros desenvolveram uma interface que faz o papel do cérebro. Então essa interface manda o comando pro aparelho, o aparelho manda o choque pro músculo e eu consigo pedalar”, explicou o atleta.

Estevão faz parte da equipe EMA (Empowering Mobility and Autonomy - Empoderando Mobilidade e Autonomia - na tradução literal), grupo de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), que irá representar o Brasil na segunda competição mundial Cybathlon - um campeonato único em que pessoas com deficiências físicas competem entre si utilizando sistemas de tecnologias assistivas de última geração.  

No período entre as duas edições do Cybathlon, os integrantes se concentraram na integração de tecnologias que permitem intervenção no sistema nervoso para realização de atividade com membros paralisados. O grupo foi capaz de demonstrar o funcionamento de sistemas que não apenas permitem a prática de ciclismo, mas também o remo ergômetro e a marcha assistida por órteses ativas. Os resultados da pesquisa geraram várias publicações acadêmicas, participação nos principais congressos científicos, além de diversas defesas de mestrado e doutorado nessa temática.  

O professor em engenharia eletrônica da UnB e coordenador técnico do projeto, Roberto Baptista, destaca o que foi preparado para a competição desde ano. “Em linhas gerais não é muito diferente do sistema que a gente utilizou na edição passada, com a diferença de que o triciclo está muito mais robusto e confiável, além do que a gente melhorou algumas questões técnicas, principalmente em relação a atividade, de modo a permitir que Estevão tenha uma pedalada mais fluida.“ 

Em março de 2012, Estevão sofreu uma lesão medular causada por uma bala perdida ao sair do aniversário de um amigo, no Riacho Fundo, Região Administrativa de Brasília. Após receber a notícia de que ficaria paraplégico, o advogado percebeu que precisava se reinventar e iniciou carreira também como atleta paralímpico. Idealizador da escola de canoagem e paracanoagem Capital do Remo, Estevão se deparou com a equipe EMA pela primeira vez há seis anos e logo se tornou voluntário em um dos projetos do grupo, o EMA Trike. 

Foto: Equipe EMA UnB

Cybathlon 2020

O campeonato seguirá um novo formato. Todo o evento será transmitido ao vivo por meio de uma plataforma on-line criada exclusivamente para a competição. O evento é organizado pelo Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH Zürich), sediado em Zurique, na Suíça. A primeira edição internacional aconteceu em outubro de 2016.  

Ao todo, 70 equipes de 23 países irão competir nos seus respectivos locais de origem. No Brasil, a equipe EMA irá realizar a prova no espaço de treinamento da Capital do Remo, localizado no Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 1, Conjunto 15, Lote 1 - Clube Nipo Brasileiro - Asa Sul, Brasília (DF).  

O Cybathlon reúne as mais avançadas tecnologias em neuroengenharia em um formato competitivo. Os equipamentos utilizados pelos atletas e pilotos são resultado do trabalho desenvolvido em centros de pesquisa em todo o mundo e representam perspectivas de maior mobilidade para pessoas com deficiências físicas. 

A edição deste ano contará com seis modalidades de corrida. As mesmas da edição de 2016:  

  • Corrida de Interface Cérebro-Computador; 
  • Corrida de Bicicleta por Estimulação Elétrica Funcional; 
  • Corrida de Prótese de Braço Motorizada;  
  • Corrida de Prótese de Perna Elétrica; 
  • Corrida de Exoesqueleto Elétrico; e 
  • Corrida de Cadeira de Rodas Elétrica.  

No entanto, como este ano as equipes precisam construir suas próprias infraestruturas, os organizadores do Cybathlon revisaram o conteúdo das corridas para garantir a equidade em diferentes condições. A maior mudança está relacionada à corrida de bicicleta por estimulação elétrica funcional, onde seria quase impossível garantir superfícies de corrida equitativas. Na corrida de bicicleta, todos os pilotos usarão Smart Trainers idênticos - uma espécie de equipamento interativo que monitora e simula condições de treinamento. 

Ao vivo em todo o mundo 

Uma nova plataforma multimídia, que será disponibilizada em https://cybathlon.ethz.ch/en permitirá aos espectadores e profissionais de imprensa de todo o mundo acompanharem as corridas. As equipes integrarão as suas filmagens dos seus locais de origem e dos seus centros de competição num programa ao vivo, legendado em várias línguas, e traduzido em linguagem de sinais internacional. 

A programação terá duração de dez horas na sexta-feira, 13 de novembro, e incluirá não apenas as corridas de qualificação, mas também informações complementares sobre os pilotos e equipes, além de análises comentadas das tecnologias e entrevistas com especialistas. As quatro melhores equipes em cada categoria irão competir nas corridas finais no sábado, 14 de novembro - também disponíveis ao vivo na plataforma. 

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